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Por que estamos na Era da Geração Moleza?

Por que estamos na Era da Geração Moleza?
Simone Mazzali T Coelho
mar. 15 - 7 min de leitura
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As mudanças que vivenciamos nos últimos 30 anos foram profundas e impactantes. Para quem tem 40 anos ou mais hoje, a trajetória pessoal e profissional foram construídas com características bem diferentes da geração atual, que tem entre 16 e 30 anos. Na década de 2.000 muitos processos eram manuais, mesmo nas grandes multinacionais, departamentos grandes, muitos funcionários, muitos papéis, poucos sistemas integrados, os treinamentos eram tradicionais como nas escolas, não haviam muitas opções tecnológicas, poucas empresas eram "informatizadas", as atividades administrativas e operacionais eram mais burocráticas, dispendiosas e demoradas, alguns processos demoravam dias, e até meses para serem concluídos. E pela falta de recursos e facilidades digitais, o nosso aprendizado também se limitava às pesquisas em bibliotecas, livros, materiais internos e cursos tradicionais. Para conseguirmos nos desenvolver era preciso literalmente correr atrás, o grau de iniciativa e determinação era o marcador da diferença entre o seu sucesso e o fracasso. Tudo era conseguido através de sucessivos esforços, e objetivos pessoais, e de carreira, os pais sonhavam e incentivavam os filhos a serem: engenheiros, advogados, médicos, etc..., e sempre discursavam; "se você quiser ser alguém na vida, vá a luta, se vire, trabalhe, procure, corra, estude, aprenda a dar valor, só o trabalho enobrece o homem, quem trabalha mais ganha mais, quem estuda mais, faz mais sucesso, quem sacrifica a vida pessoal é que consegue construir uma vida estável e financeiramente rentável. O trabalho não precisa ser o que você ama fazer, mas sim o que trará uma remuneração maior e estabilidade", que era o maior sonho dos pais e dos filhos. Se você for bom no que faz, será reconhecido e poderá ganhar o prêmio de funcionário mais antigo, aquele que começou de baixo, cresceu e se tornou exemplo para os outros, trabalhando por 20, 30 ou até 40 anos em uma empresa. Se fosse chefe, aí sim teria alcançado a meta de ser alguém, e um orgulho para seus familiares.

E Hoje? Como é?! Definitivamente todas essas crenças foram sendo diluídas pela invasão avassaladora da tecnologia, dos recursos digitais, da nova cultura, do novo comportamento, dos novos desafios e  novas regras instituídas. Uma guerra foi travada, a geração anterior precisou se reciclar e reaprender a construir a sua carreira, os seus projetos, as suas crenças, e aprendizados que tinham fortes raízes precisaram ser cortados, as pessoas foram levadas a refletir sobre tudo que aprenderam, e por tudo que ainda precisavam aprender a desaprender, de forma disruptiva, como um furacão associado à uma tsuname, todos foram jogados em alto mar sem saber navegar na instabilidade, e na incerteza, as mudanças de rota foram forçadas, agora não tem um só lado, tem vários, temos um mar de informações, um oceano infinito de mudanças constantes, novas adequações, novos recursos, novas linguagens, novos mapas mentais, e como isso pode parecer confuso para aqueles que adoravam a idéia da estabilidade e calmaria, mas essa tempestade só piora, cada vez mais se apresentam novas oportunidades, novas soluções e novos desafios para a sobrevivência.

E a nova geração, como lida com isso?! Eles nasceram no mar, no meio da tempestade, não se assustam, mas ao contrário da geração anterior não precisam se reinventar, não precisam ir atrás dos recursos, não possuem crenças de ser "alguém", pois já se sentem, e nem sonham com a estabilidade, eles são digitais, dinâmicos, não precisam correr atrás como a geração dos quarentões, pois as informações estão à um clique, basta pensar, abrir o navegador e tudo está lá, pronto, não precisam procurar uma biblioteca, não precisam fazer muito esforço para terem acesso à informação, talvez por isso, sejam mais leves e sossegados, mas carregam uma ansiedade excessiva, reclamam desse sentimento, mas ele é proporcional à velocidade do pensamento, que vem com a enxurrada de informações que chegam a cada segundo, a cada notificação, a cada curtida, e-mail, etapa do game vencida, enfim, e por isso, eles não compreendem como os mais velhos aguentavam viver sem internet, sem recursos, fazendo sacrifícios, e como conseguiam trabalhar no que não gostavam, e ainda ficar 20, 30 ou até 40 anos em uma empresa, isso para eles é muito chato e desestimulante, pois o que vale é o movimento, a aventura, a mudança, o desafio, a tentativa....

Para quem tem filhos pequenos e adolescentes já percebeu, eles funcionam de forma diferente, nasceram em um mundo dinâmico e instável, hoje fazemos de um jeito, amanhã já é de outro, e para eles está tudo certo, é normal, porque alguma tecnologia nova surgiu e deixou para trás tudo aquilo que era válido e importante, ontem. Eles são sonhadores, criativos, desenvolvem a função cognitiva de forma rápida, e sem dificuldade. Apertam botões de celulares, descobrem como os aplicativos funcionam como se estivessem escovando os dentes, é impressionante como se interessam por política, cultura, informação atualizada, mas por outro lado cortaram caminhos, e apresentam uma certa acomodação que incomoda aqueles que trabalharam duro a vida inteira, eles dizem; "não quero fazer isso, nem aquilo, quero fazer o que gosto, da forma que gosto, e isso é felicidade!" O esforço para eles está em encontrar a sua motivação, e para os mais antigos o equilíbrio e o valor de construir algo sólido.

A Conclusão é que somos um mix de expectativas, tanto de uma geração, como da outra, e para convivermos em harmonia precisamos aprender uns com os outros, a leveza da nova geração, a facilidade de resolver as coisas, seguir buscando apenas o que te motiva e o que ama fazer, e por outro lado a geração anterior percebe que é preciso descobrir o equilíbrio dos esforços, e que a forma de fazer mudou, o mundo mudou, a rigidez dá lugar à leveza, à flexibilidade, à motivação.

O conceito de felicidade e sucesso foi sendo transformado e agora todas as gerações precisam se adaptar, aprenderem com a outra e construir juntos uma nova realidade. Mas, aquela frase que os quarentões ouviam muito dos pais mudou, antes, a frase era:

Quer moleza?! Senta no pudim.....Tem que se esforçar para ter qualquer coisa

Quer moleza?! ....Está tudo aí em forma de pudim.....basta esticar o dedo...e nem precisa se levantar, sentado em uma cadeira você pode fazer muito e acessar o que quiser....o que antes era difícil, pois você precisava ser atleta e se mexer muito....

Hoje temos o PUDIM, as tecnologias que estão cada vez mais se multiplicando, e a Geração 5G promete surpresas para todos, até para aqueles que nasceram na era digital...

Assim é a evolução, vamos aprendendo, ensinando, compartilhando, construindo juntos um futuro que não sabemos muito bem como vai ser, mas sabemos que ele virá!

E você? Como se sente neste encontro de oceanos?!

Simone Coelho

Psicóloga Organizacional/Coach/Designer Instrucional


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