No último sábado, durante a academia do Instituto CEO do Futuro, tivemos uma palestra com a Pamela Mello, com quem conversamos sobre como os vieses inconscientes afetam nossas escolhas e como podemos tomar melhores decisões.
Para quem não conhece o termo, vieses inconscientes são "atalhos naturalmente tendenciosos, adquiridos com base em experiências, cultura, educação, ambiente e aprendizados, formando o sistema de crenças que define nossos comportamentos." (Crescimentun, 2019)
Simplificando, os vieses são as lentes e mapas mentais que usamos para enxergar o mundo. Sobre isso, três coisas são fato: todos temos, eles afetam diretamente como nos relacionamos com as nossas experiências e influenciam nossas escolhas a todo instante.
Indo mais a fundo na discussão, e parafraseando Rita von Hunty, observa-se que a realidade não é experienciada em si, mas sim, tem sua experiência mediada por alguma ferramenta (que passa por nossas lentes mentais subjetivas). Ficou confuso?! Proponho o seguinte exercício: mostre uma imagem qualquer para pessoas diferentes, e peça para que elas lhe descrevam o que veem, com algum grau de profundidade na explicação. Depois me conta se a resposta foi igual.
Isso é tão louco e real, que os vieses já afetaram máquinas de reconhecimento facial. Em janeiro, Robert Williams (homem afro-americano) foi preso injustamente devido à imprecisão de um algoritmo de reconhecimento facial. A explicação: tal tecnologia é menos precisa na combinação de pessoas negras do que brancas, dada a discrepância nos conjuntos de dados para fazer a correlação. A falta de representatividade de pessoas negras de todo o mundo, em conjunto com a gama de características faciais e tons de pele, cria o que os pesquisadores chamam de “viés demográfico”, embutido na tecnologia.
O viés subjetivo atingiu uma das coisas mais exatas e lógicas que o ser-humano tem tentado criar. O quanto será que ele não atinge a mim (e a você), que sou apenas uma garota latino-americana e vinda do interior?!
Pois é.
Mas só atrocidades são consequências da nossa visão de mundo enviesada?
Não… Tais lentes também dão estrutura para a expressão humana, manifestação criativa, arte e por aí segue uma lista infinita.
No entanto, o ponto que quero chegar é: a gente precisa se instrumentalizar de mais e melhores ferramentas para conseguir decodificar a realidade, e também para que essa realidade decodificada seja mais inclusiva, dê voz a tantos grupos marginalizados e realmente faça caber todos a quem contém. Para que isso ocorra, não há escapatória além de muita auto-observação e constante autorreflexão.
Quais vieses você aceita assumir que possui, hoje?